Conhecer a Deficiência Auditiva/Surdez faz grande diferença

Vamos começar explicando a diferença entre deficiência auditiva e surdez que são condições que afetam a capacidade de ouvir, mas apresentam diferenças significativas em termos de impacto e abrangência. É importante compreender essas diferenças para promover a inclusão e oferecer suporte adequado às pessoas que enfrentam essas condições.


Deficiência Auditiva

A deficiência auditiva refere-se a qualquer grau de perda auditiva que prejudique a capacidade de uma pessoa em ouvir sons no ambiente. Ela pode variar desde uma leve dificuldade em perceber sons suaves até uma perda severa onde mesmo os sons mais altos são inaudíveis sem o uso de dispositivos de amplificação, como aparelhos auditivos ou implantes cocleares. A deficiência auditiva pode ser congênita, ou , ela pode estar presente desde o momento do nascimento ou adquirida ao longo da vida devido a fatores como exposição prolongada a ruídos altos, infecções ou envelhecimento.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a perda auditiva afeta cerca de 466 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que 34 milhões delas são crianças” WHO (2021). Essa informação ressalta a importância de medidas preventivas e de reabilitação auditiva para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

Surdez

A surdez, por sua vez, é uma forma mais severa de deficiência auditiva, onde a pessoa tem uma perda auditiva profunda e, na maioria dos casos, não consegue ouvir sons, mesmo com o uso de amplificação. Muitas pessoas surdas se identificam como parte de uma comunidade cultural e linguística distinta, utilizando, no caso do Brasil, a Língua Brasileira de Sinais,  para se comunicar. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a língua oficial da comunidade surda no Brasil, reconhecida pela Lei nº 10.436 de 2002. Ela é uma língua de modalidade gestual-visual por utilizar gestos, expressões faciais e corporais para transmitir significados, permitindo que pessoas surdas se comuniquem de maneira eficaz. Diferente da língua portuguesa, a Libras possui sua própria estrutura gramatical e sintática, o que a torna única e independente. Seu reconhecimento legal e a inclusão no sistema educacional são conquistas importantes para a promoção da acessibilidade e a valorização da cultura surda no país.

Embora muitas vezes se pense que a língua de sinais é universal, cada país ou comunidade linguística possui sua própria língua de sinais, com regras gramaticais, vocabulário e expressões culturais distintas. Assim como as línguas faladas, as línguas de sinais se desenvolvem de acordo com as influências culturais, sociais e históricas de cada região. Por exemplo, nos Estados Unidos, a língua utilizada é a American Sign Language (ASL), enquanto na França, a comunidade surda utiliza a Langue des Signes Française (LSF). Cada uma dessas línguas é única e embora possam existir semelhanças entre elas, principalmente devido a influências históricas, elas não são mutuamente inteligíveis, ou seja, uma pessoa que sabe LIBRAS pode não entender ASL ou LSF, e vice-versa. Essa diversidade linguística nas comunidades surdas ao redor do mundo destaca a riqueza cultural das línguas de sinais e a importância de respeitar e preservar cada uma delas.


Identidade Surda

Você já ouviu falar em identidade surda? A surdez não é apenas uma condição médica, mas também uma identidade cultural para muitos indivíduos que se comunicam em Língua de Sinais e compartilham experiências comuns. Esta visão cultural da surdez é fundamental para a compreensão da importância do reconhecimento e da valorização da Língua de Sinais e das experiências vividas por pessoas surdas. A identidade surda é uma expressão de forte pertencimento e autovalorização dentro da comunidade surda, caracterizada pelo uso da Língua de Sinais como principal meio de comunicação e pela valorização de uma cultura rica em história e tradições. Para muitas pessoas surdas, essa identidade vai além da ausência de audição; é um aspecto central de quem elas são, conectando-as a uma comunidade que compartilha experiências e perspectivas únicas sobre o mundo. É importante que pessoas ouvintes reconheçam e respeitem a identidade surda promovendo assim inclusão, combatendo estereótipos e garantindo que a diversidade cultural e linguística das pessoas surdas seja valorizada em nossa sociedade.

Quais são os principais tipos de identidade surda?

Pessoas que vivenciam a surdez possuem diferentes identidades e é relevante que compreendamos essas diferenças para sabermos lidar situações cotidianas e dar o apoio, quando necessário.

  • Identidade surda: É a pessoa que identifica-se profundamente com a cultura e a comunidade surda, valorizando a LIBRAS e tendo a surdez como uma parte central e positiva da própria identidade que está ligada a um forte sentimento de pertencimento e orgulho cultural.
  • Identidade híbrida: É a pessoa surda que nasceu ouvinte e adquiriu a surdez ao longo da vida. Essa pessoa, que inicialmente era da cultura ouvinte, continua a fazer uso elementos dessa comunicação, como a escrita e a fala oral, mesmo após a perda auditiva, integrando essas questões à LIBRAS. Ela passa a se reconhecer como surda, participa das associações, solicita Tradutores e Intérprete de Libras, entre outros.  
  • Identidade de transição: É alguém que, ao longo de sua vida, passou por uma mudança significativa na maneira como se identifica cultural e linguisticamente em relação à surdez. Isso geralmente ocorre em pessoas que nasceram ouvintes ou perderam a audição mais tarde na vida e, inicialmente, se identificavam mais com a cultura ouvinte. Com o tempo, à medida que adquirem mais familiaridade com a Língua de Sinais e se envolvem com a comunidade surda, essas pessoas podem começar a se identificar mais como surdas, incorporando elementos dessa nova identidade em suas vidas. Essa transição pode envolver uma reconfiguração de como a pessoa percebe a si mesma, como comunica e se relaciona com o mundo ao seu redor, navegando entre a cultura ouvinte e a cultura surda.
  • Identidade flutuante: A identidade surda flutuante é caracterizada pela capacidade de uma pessoa surda transitar entre a cultura surda e a cultura ouvinte, adaptando-se a diferentes contextos linguísticos e sociais. Ela pode utilizar tanto a Língua Brasileira  de Sinais (LIBRAS) quanto a língua oral conforme a situação, o que lhe permite navegar entre os dois mundos, mas também pode levar a uma sensação de não pertencimento completo a nenhum deles. Essa identidade reflete a complexidade das experiências vividas em um mundo predominantemente ouvinte.
  • Identidade embaraçada: A pessoa vive um conflito interno e esse sentimento geralmente surge quando a pessoa enfrenta dificuldades para se encaixar tanto na cultura surda quanto na cultura ouvinte sem se identificar plenamente com nenhum deles, o que pode gerar incertezas sobre sua própria identidade e apresentar dificuldades de comunicação por não saber usar LIBRAS e ter a vida sob o ponto de vista ouvinte

Tecnologias Assistivas para pessoas com deficiência auditiva/surdas

  • O DuoLibras é uma plataforma digital inovadora desenvolvida para o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) de forma interativa e acessível. Ela foi Inspirada no modelo do Duolingo, uma popular ferramenta de aprendizado de idiomas, o DuoLibras utiliza métodos gamificados para facilitar o aprendizado de Libras, tornando o processo mais envolvente e lúdico. A plataforma oferece exercícios práticos, vídeos explicativos, e testes interativos que ajudam os usuários a aprender sinais, gramática e a estrutura da língua de sinais. O objetivo do DuoLibras é não apenas ensinar Libras para pessoas ouvintes interessadas em aprender a língua, mas também servir como um recurso educacional para surdos, promovendo a inclusão e o fortalecimento da comunicação entre surdos e ouvintes.
  • O VLibras é um conjunto de ferramentas de código aberto desenvolvido para traduzir conteúdos digitais, como textos, áudios e vídeos, para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ele utiliza tecnologia de avatares 3D para realizar a tradução automática, permitindo que pessoas surdas tenham melhor acesso a informações em diversos formatos na web, aplicativos e dispositivos móveis. O VLibras é amplamente utilizado por instituições públicas e privadas para promover a acessibilidade digital e inclusão de surdos, facilitando a comunicação e o entendimento de conteúdos que, de outra forma, seriam inacessíveis para essa comunidade. O VLibras foi criado a partir da  parceria entre o Ministério da Economia (ME), por meio da Secretaria de Governo Digital (SGD), e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com a participação do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAVID).
  • O Icom é um aplicativo de comunicação alternativa que ajuda pessoas com dificuldades de comunicação verbal, como autistas ou pessoas com paralisia cerebral, a se expressarem. Ele utiliza cartões com imagens e símbolos que representam palavras e frases, permitindo que o usuário construa sentenças que são convertidas em áudio. O app é personalizável, permitindo ajustes no vocabulário e comandos de voz para atender às necessidades específicas de cada usuário, promovendo maior autonomia e inclusão na comunicação diária.

Viu quanta coisa é possível aprender sobre deficiência auditiva/surdez? Quer aprender mais? Selecionamos o vídeo abaixo para você.

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